SUPER ruim ou superestimado?
Em meio à tranquilidade de Américo Brasiliense, uma pequena cidade no interior de São Paulo, nascia Jão. Sua trajetória é marcada pela determinação e paixão pela música. Longe dos holofotes das grandes cidades, Jão encontrou sua inspiração nas ruas de paralelepípedo e no calor humano de sua comunidade. Contudo, sua ambição transcendia os limites de sua cidade natal. Assim, deixando para trás sua casa, amigos e amores, ele embarcou em uma jornada em busca de reconhecimento e sucesso artístico. SUPER é o quarto álbum de estúdio do cantor paulista Jão, que encerra uma quadrilogia de álbuns (nunca antes falada, porém teorizada pelos fãs do Jão), buscando a inspiração nos quatro elementos: terra para Lobos, ar para Anti-Herói, água para Pirata e fogo para SUPER. E por fim, terminando de narrar sua própria história que é sobre sair de sua cidadezinha abraçada pelo aconchego das montanhas de São Paulo e começar uma nova vida em meio a selva de pedra tão jovem, e cheio de sonhos, até ter seu coração partido por um amor. Jão, neste álbum, explora os gêneros musicais Pop, Pop rock, Rock, Pop Punk, Country, Blues Rock, Folk Rock, Synth-Pop, etc.
Quem me conhece sabe que eu tenho pavor desse álbum. Então, eu decidi dar uma chance pra ele e o escutei inteiro pela primeira vez desde o dia do seu lançamento, em que tive náuseas e uma extrema angústia por não ter conseguido digerir nem uma parte da metade deste álbum. Abro até um questionamento:
Será a temida maldição do quarto álbum? Ou pressão da gravadora para que Jão atingisse a mesma quantidade de streams que ele obteve em seu trabalho anterior (Pirata)?
Sabemos que a pressa é inimiga da perfeição, muitos poucos artistas conseguem fazer seus trabalhos rapidamente de forma grandiosa, o que não é o caso do Jão. Em qualidade, ele foi péssimo. E em streams, posso até dizer que foi bom, mas sabemos que o álbum em si não foi.
Com jogadas de marketing de fazer você chorar na cama de bruços, implorando para Deus te fazer voltar para o útero da sua mãe, lugar onde você nunca foi bombardeado por bizarrices que a humanidade já pode ter feito. Fazer o clipe da música Me Lambe com participação especial de João Guilherme (com quem meu santo já não bate), o beijando horrores, achando que a comunidade LGBTQIA+ poderia ter uma certa empatia com sua "obra", ou sei lá o que posso chamar isso, me deu uma tristeza imensa. Onde me fez questionar o que está acontecendo com a arte brasileira. Não pense que estou agindo assim por homofobia, muito pelo o contrário, João Guilherme já se afirmou abertamente diversas vezes quando foi questionado de sua sexualidade que é heterossexual. Ok, o Jão é bissexual. Porém, beijar o nepobaby no clipe, digo filho do Leonardo, foi como tentar engajar-se por meio do público LGBTQIA+ de ambos, fazer um barulho "escândaloso" na mídia (pelo menos a conservadora) por se tratar de dois celebs brasileiros que tem como alvo o público teen. O clipe pode até ser fofo para alguns, mas para mim não foi de bom tom.
SUPER tropeça na busca por originalidade. As faixas apresentadas neste álbum revelam uma falta de inovação grotesca, parecendo mais uma repetição caricata de trabalhos anteriores. Jão se aventura por um território sonoro predominantemente pop, com influências que oscilam entre o pop rock e o country pop rock. No entanto, essa fusão não se traduz em uma identidade distinta, mas sim em uma imitação genérica. Apesar de acertar na produção musical, as composições deixam muito a desejar, revelando-se infantis e repletas de referências superficiais. Parece que Jão optou pelo caminho mais fácil na hora de compor, entregando imitações de obras que carecem da autenticidade presente em seus predecessores.
A faixa "Escorpião" surge com um instrumental vibrante e contagiante, que mescla elementos do pop rock com nuances do country pop rock. No entanto, a composição musical, como na grande maioria das músicas do álbum, deixa a desejar, especialmente pela introdução que pode parecer desconcertante para alguns ouvintes, falhando em capturar a essência da canção. Já na sua segunda faixa, com uma melodia cativante e um ritmo pop dançante, "Me Lambe" apresenta um instrumental envolvente que atrai os ouvintes instantaneamente. No entanto, a letra da música não está à altura da qualidade musical, revelando-se estranha e imatura, o que diminui o impacto da faixa. Sem falar no clipe bizarro com o João Guilherme. O clímax desta música me parece de uma trilha sonora de um filme ou uma série adolescente da NETFLIX. "Gameboy" me deixou com uma sensação horrível de desconforto, estranheza e constrangimento. Para ser mais claro, eu "crinjei" totalmente esta música. A letra, com sua temática de um um amor adolescente não correspondido, pode soar muito superficial, especialmente para um público mais maduro. A sensação de desconforto é acentuada pela performance do cantor, que parece não estar ciente do quão desagradável é a música que está interpretando.
Já na faixa "Alinhamento Milenar" tenta evocar uma atmosfera grandiosa, mas falha em alcançar seu objetivo. Seu refrão me lembrou bastante a música Então É Natal de Simone, ou então a versão original, Happy Xmas de John Lennon e Yoko Ono, bem naquela parte "War is over...", ou mesmo, "Hiroshima, Nagasaki...", "Alinhamento Milenar" é realmente como um bombardeio horrível para meus pobres ouvidos. Em contraste com as faixas anteriores, "Maria" emerge como um ponto de luz no álbum. Com uma melodia melancólica e letras reflexivas, a música transporta os ouvintes para um estado de nostalgia e introspecção. É como se Jão, através dessa música, fizesse as pazes consigo mesmo, revisitando suas raízes e enfrentando os fantasmas do passado.
Na introdução da faixa "Julho", me lembrou muito a música "All Too Well" da Taylor Swift. Esta faixa encanta com suas nuances melódicas, mas peca pela superficialidade de suas metáforas. A faixa, embora promissora inicialmente, deixa a desejar em termos de profundidade emocional, perdendo a oportunidade de criar uma conexão mais significativa com os ouvintes. Mais pela frente me deparo com as mesmas pedras que me esbarrei durante todo o percurso do álbum. Embora a produção musical seja impecável, "Eu Posso Ser Como Você" é prejudicada pelas composições insatisfatórias de Jão. A música parece prometer um ápice emocional que nunca chega, deixando os ouvintes desapontados e frustrados com a falta de substância e originalidade da faixa. Assim como em "Sinais", com uma introdução agradável e sonoridade country, prometendo uma jornada musical cativante, mas falhando ridiculamente em cumprir essa promessa devido à sua letra medíocre. A música deixa os ouvintes decepcionados com sua falta de inspiração e criatividade, perdendo a oportunidade de se destacar entre as demais faixas do álbum.
"Rádio" surge como um refúgio no final do álbum, oferecendo uma composição mediana que se destaca entre as outras faixas. Apesar de não ser excepcional, a música captura a atenção dos ouvintes com sua introdução promissora e elementos diferenciados, oferecendo uma experiência auditiva mais satisfatória em comparação com as faixas anteriores. Encerrando o álbum, "Super" apresenta uma variedade de elementos sonoros, transitando entre baladas suaves e momentos épicos feitos de Strings maravilhosas, até chegar a um momento reconfortante, acústico, feito apenas de violão e voz. A composição, embora não seja excepcional, como sempre, consegue capturar a atenção do ouvinte até o último acorde, trazendo um alívio pelo término do álbum e a sensação de ter sobrevivido a uma montanha-russa musical e a uma tortura orquestrada por Jão.
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